É muito comum as pessoas associarem uma casa de repouso para idosos a palavras negativas. Se uma família opta por hospedar um idoso em uma instituição, ela pode sofrer preconceito e ser acusada de fria, sem amor e o ato é visto como um abandono. Mas será que todas essas conclusões são justas? Qual o verdadeiro papel de uma casa para idosos?
A terceira idade, ou seja, a faixa a partir dos 60 anos, não para de crescer no Brasil e, em algumas décadas, 34% da população brasileira será idosa, segundo o IBGE. Isso significa que teremos 73 idosos para 100 crianças. Há, então, um grande desafio? Como cuidaremos dos nossos idosos?
Em entrevista para a rádio CBN, no programa 50 Mais (clique aqui e ouça), Ana Amélia Camarano, economista do Ipea, comentou que a Constituição avançou em garantir renda mínima para quem não pode trabalhar, mas continuou atribuindo à família a responsabilidade pelo idoso. Mas a capacidade das famílias de cuidar diminui gradativamente. Cada vez mais, as pessoas têm menos tempo disponível e, as mulheres, que antes estatisticamente faziam o papel da cuidadora na maioria das vezes, trabalham fora da mesma forma que o homem.
Por isso, é preciso pensar e refletir no papel das instituições. Listamos e esclarecemos alguns mitos sobre as casas de repouso. Veja:
Uma instituição para idosos pode ser um lugar de boa convivência, qualidade de vida e conforto para os moradores. A presença da família vai muito além do fato de o idoso morar com os filhos ou parentes. Muitas vezes, a falta de capacidade e conhecimento dos familiares de cuidar das pessoas mais velhas causam situações de violência psicológica e o idoso se sente um peso e não recebe a atenção que precisa em consequência das circunstâncias naturais, como falta de tempo e vida acelerada de quem está em torno dele. No Pampulha Village, por exemplo, a família tem acesso à instituição 24 horas por dia, sem qualquer restrição. Muitos familiares de nossos moradores são presentes da mesma forma ou mais do que idosos que não moram conosco.
Há um preconceito com instituições devido à origem delas. Antes, casas de repouso surgiam como fruto da caridade, muitas vezes sem apoio. Mas o cuidado com idosos não é apenas boa ação, mas um direito social. Por isso, atualmente, as instituições têm um papel muito mais profundo e importante na sociedade.
Quando a casa de repouso é séria, o idoso recebe cuidados médicos e vive em um ambiente preparado estruturalmente para a realidade dele, como situações dependência, saúde debilitada ou dificuldades de locomoção. A instituição tem estrutura, capacidade técnica e equipe preparada para oferecer ao idoso o máximo de conforto e segurança.
Um dos grandes benefícios que uma boa instituição pode oferecer é justamente a socialização e lazer para os idosos. No dia a dia, nossos moradores interagem com psicólogos, terapeutas ocupacionais e fazem atividades de entretenimento como jogos, passeios e caminhadas. E o mais importante: eles nunca estão sozinhos! Há a convivência diária com outros moradores e com toda a equipe da casa.
Amar o idoso é pensar no bem-estar dele acima de qualquer circunstância. Entendemos a vontade de muitas famílias de ter o idoso em casa e, às vezes, contratar um cuidador para fazer o trabalho em domicílio, que não deixa de ser uma alternativa. Mas, neste caso, uma instituição de longa permanência tem a vantagem de unir estrutura, profissionalismo e socialização. Não é falta de amor pensar nessa opção.
As casas de repousos podem oferecer mais qualidade de vida e conforto para os idosos. É preciso enxergar a situação sem preconceitos e focar o olhar no bem-estar das pessoas mais velhas. Cuidar de um idoso não é uma atividade simples e exige preparo e conhecimento. Por isso, buscar uma estrutura adequada é preservar o bem-estar físico e psicológico do idoso e da família, que não precisa absorver uma carga muitas vezes pesada demais. E isso não é falta de amor, mas uma forma coerente de pensar no futuro de todos.
Todas as fotos publicadas neste artigo são de moradores reais do Pampulha Village.